O parto como um objeto de consumo. Da violência obstétrica à oferta de novos modelos de partos em Santiago do Chile

Resumo

O parto no Chile passou por grandes mudanças históricas, políticas e econômicas. Este artigo analisa o parto como um processo sócio-econômico baseado em duas investigações das ciências sociais: a primeira sociológica, com uma revisão da literatura sobre consumo no Chile; e a segunda antropológica, com entrevistas com pessoal de saúde obstétrica em Santiago do Chile. As reflexões que propomos com esta encruzilhada interdisciplinar mostram como o parto em Santiago do Chile passou de um processo gerenciado pela comunidade e depois profissionalizado no século XX, para se tornar hoje um objeto de consumo, oferecido especialmente por instituições privadas. A partir de modelos recentes de atendimento obstétrico veremos que, dentro de uma cultura neoliberal, a produção de um projeto de nascimento com características atraentes promete melhorias tanto na experiência das mulheres (anteriormente violadas) quanto em seus recém-nascidos, aqui chamados de bebês otimizados. Desde que isso seja possível. Esta pesquisa sugere que prestemos atenção ao intercâmbio gerado pelas instituições que oferecem métodos diferenciados de parto, levando as demandas sociais contra a violência obstétrica e embalando-as em programas que parecem melhorar o produto humano e a experiência maternal. A questão da experiência vivida dentro destes nascimentos permanece em aberto e convidamos você a investigar tais possibilidades.