Casas e coisas que se agarram à memória. Afetos e violência política no Proyecto Villa

Resumo

Este artigo examina os procedimentos da produção teatral Proyecto Villa (2019) de Daniela Contreras e Edison Cajas, a fim de explorar as formas pelas quais uma memória da violência política é elaborada a partir de certos objetos recolhidos e um arranjo espacial que reconstrói lugares onde a tortura era praticada pelos aparelhos de repressão. O Proyecto Villa nasce como uma investigação sobre centros de detenção e tortura e propõe uma "instalação de palco" na qual certas convenções do palco tradicional são desafiadas a construir uma experiência para o espectador, que se torna observador e participante de um espaço, assim como uma memória viva encarnada no inanimado. Para analisar este trabalho, este trabalho se baseia em algumas das idéias propostas por novos materialismos, teorias de afeto, uma subjetividade pós-humana e a noção de documentaridade. A pesquisa abordará duas das principais estratégias da encenação do Proyecto Villa: a coleta e disposição dos objetos, por um lado, e a organização dos espaços, por outro. O texto procura destacar os mecanismos de ficção colocados em jogo no trabalho com materiais documentais, procurando descrever estes procedimentos a partir de uma proposta de subjetividade material que é elaborada a partir dos postulados teóricos delineados acima, em diálogo com a idéia de imaginação material.